TEMA DA PRIMÁRIA

"Todos os teus filhos serão instruídos pelo Senhor, e a paz de teus filhos será abundante".

(3 Nefi 22;13)

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domingo, 7 de junho de 2009

Preste bem atenção

179ª Conferência Geral Anual, Abril de 2009

Margaret S. Lifferth
Primeira Conselheira na Presidência Geral da Primária


RESPEITO E REVERÊNCIA

Devemos (…) cultivar respeito uns pelos outros e reverência por Deus em nosso lar e nas salas de aula.

O último capítulo de João trata de uma conversa especialmente branda entre Pedro e o Cristo ressuscitado. O Salvador pergunta três vezes: “Simão, filho de Jonas, amas-me?” E a cada vez que Pedro afirma seu amor ao Salvador, Jesus diz a ele: “Apascenta os meus cordeiros, (…) Apascenta as minhas ovelhas”.1

No mundo de hoje, há uma grande necessidade de nutrir a alma de nossos jovens e crianças com a “água viva” 2 e o “pão da vida”. 3 Assim como Pedro, também amamos o Senhor. Por isso, os pais e os líderes trabalham diligentemente para instilar em cada coração um testemunho de Jesus Cristo e de Seu evangelho. Ensinamos em nosso lar, no campo missionário, nas capelas e salas de aula de nossa Igreja. Preparamo-nos e convidamos o Espírito para estar conosco; mas para apascentarmos e nutrirmos Seus cordeiros e Suas ovelhas com testemunho e com o Espírito, devemos também cultivar respeito uns pelos outros e reverência por Deus em nosso lar e nas salas de aula.

Hoje, meu apelo é para que pais, professores e líderes trabalhem juntos para ensinar, para servir de exemplo e incentivar os padrões de respeito e reverência que fortalecerão nossos jovens e crianças e convidarão o espírito de adoração a estar em nosso lar e em nossas capelas.

Acredito que nossa habilidade e credibilidade para exemplificar a reverência por Deus são fortalecidas quando demonstramos respeito uns pelos outros. Na sociedade atual, os padrões de decoro, dignidade e cortesia são atacados por todos os lados e em todos os tipos de mídia. Como pais e líderes, nosso exemplo de respeito uns pelos outros é crucial para nossos jovens e crianças, pois eles não assistem somente à mídia, eles assistem a nós! Somos o exemplo que precisamos ser?

Façam a si mesmos estas perguntas: Sou exemplo de respeito em meu lar pela maneira como trato aqueles a quem mais amo? Como me comporto durante um evento esportivo? Se meu filho se desentende com um professor, treinador ou colega, escuto os dois lados da história? Demonstro tanto respeito pela propriedade alheia como pela minha? Como reajo àqueles de quem discordo em assuntos de religião, estilo de vida ou política?

Quando pais e líderes são exemplos e ensinam respeito pelos outros, confirmamos, no coração de nossos filhos, que cada um de nós é verdadeiramente filho ou filha de Deus e que somos irmãos para a eternidade. Vamos-nos concentrar nas coisas que temos em comum — nas qualidades que unem a família de Deus, em vez de nos concentrarmos nas diferenças.

Respeito pelos outros e reverência por Deus são primos muito unidos. Estão enraizados na humildade e no amor. O Presidente David O. McKay disse que a “reverência é o respeito profundo mesclado ao amor”,4 e o Élder L. Tom Perry ensinou que “a reverência emana de nossa admiração e respeito pela Deidade”.5 As crianças aprendem esse conceito, quando cantam este verso de uma música da Primária:

“Reverência é mais que sentar bem quietinho. É pensar com profundo fervor
Nas bênçãos que vêm do meu bom Pai Celeste.
Porque reverência é amor.”6

No entanto, o comportamento reverente não é uma tendência natural para a maioria das crianças. É uma qualidade ensinada pelos pais e líderes por meio de exemplo e ensino. Mas lembrem-se, se a reverência estiver enraizada no amor, seu ensino também estará. A rudeza ao ensinar gera ofensa e mágoa, não reverência. Assim, comecem cedo e tenham expectativas razoáveis. As crianças conseguem aprender a cruzar os bracinhos e preparar-se para orar. Isso pode levar tempo, paciência e perseverança; mas, lembrem-se de que não estamos apenas ensinando as primeiras lições de reverência à criança, mas sim que ela pode sair-se muito bem em suas primeiras tentativas de autodisciplina.

Esse processo de ensinar autodisciplina continua linha sobre linha e preceito sobre preceito. Assim, a criança aprende a ser reverente durante as orações e o sacramento. Ela senta ao lado dos pais durante a reunião. Depois, progride nas lições de autodisciplina e, mais tarde, aprende a jejuar, a obedecer a Palavra de Sabedoria, a fazer boas escolhas no uso da Internet e a guardar a lei da castidade. Cada um de nós cresce tanto em capacidade como em entendimento. Abençoamos nossas crianças e nossos jovens quando lhes damos o exemplo, os ensinamos e incentivamos nesse processo, pois autocontrole não é somente a raiz do respeito próprio: é essencial para convidar o Espírito a ensinar, a confirmar e a testificar.

Lembro-me de um discurso que o Presidente Boyd K. Packer fez em uma conferência, há quase 20 anos, intitulado “A Reverência Convida à Revelação”.7 Essa frase permaneceu em meu coração todos esses anos. Ela me lembra de que devemos criar, em nosso coração, em nosso lar e em nossas reuniões, locais de reverência que convidarão o Espírito a confortar, guiar, ensinar e testificar. Porque, quando o Espírito testifica a cada um de nós que Deus é nosso Pai e que Jesus Cristo é nosso Salvador, é essa revelação que convidará a verdadeira reverência, nascida do amor e do respeito profundo.

Então o que podemos fazer como pais e líderes? Podemos ser exemplos de reverência quando oramos humildemente, usamos um linguajar apropriado ao orar e empregamos os nomes da Trindade de maneira adequada. Podemos cuidar das escrituras com respeito e ensinar com convicção a doutrina nelas contida.

A reverência aumentará quando demonstrarmos o respeito adequado não só pelas Autoridades Gerais, mas também pelo sacerdócio local e pela liderança das auxiliares. Meu presidente de estaca é um amigo querido há mais de 30 anos e, como amigos, chamamo-nos pelo primeiro nome; mas, em público e certamente na Igreja, por ele servir em um chamado da liderança do sacerdócio, faço um esforço consciente para chamá-lo de Presidente Porter. Ensinar aos nossos jovens e crianças que é correto nos dirigirmos a nossos líderes como: presidente, bispo, irmão e irmã, incentiva o respeito e a reverência. Também ensina a verdade de que os líderes são chamados por Deus e receberam responsabilidades sagradas.

Como pais e líderes, devemos dar o exemplo de comportamento reverente em nossas reuniões da Igreja. Nossas capelas têm lugares para diversas atividades, mas aos domingos, elas são locais de adoração. Reunimo-nos para renovar os convênios que vão curar nossa alma. Vamos até lá para aprender a doutrina e fortalecer o testemunho. Os missionários levam pesquisadores. Somente com uma atitude de reverência, o Espírito pode confirmar as verdades do evangelho por meio da palavra de Deus, da música, do testemunho e da oração.

Somos um povo amigável e amamo-nos uns aos outros; mas a reverência aumentará se as conversas ocorrerem no saguão e se a reunião sacramental começar com o prelúdio, não com a primeira oração. Incentivamos a reverência quando levamos para fora da capela uma criança chorando e encontramos outra sala onde podemos continuar ouvindo a reunião, até que o bebê se acalme ou a criança seja confortada. A reverência inclui desligar os celulares, eletrônicos portáteis e computadores de mão. Enviar mensagens de texto ou ler e-mails em uma reunião da Igreja não é apenas irreverente: desvia a atenção e mostra falta de respeito por quem estiver ao nosso redor. Portanto, somos exemplos de reverência quando participamos da reunião, ouvimos os oradores e cantamos juntos os hinos de Sião.

Nossos professores da Primária, Escola Dominical e dos programas para os jovens têm oportunidades específicas de ensinar e dar exemplos de respeito e reverência. Permitam-me dar algumas idéias.

Primeiro, amem seus alunos. Geralmente, a criança que mais perturba é a que precisa mais do seu amor.

Dediquem tempo para explicar o que é reverência e porque é importante. Mostrem uma gravura do Salvador. Definam o comportamento aceitável e, então, sejam amorosos e persistentes não só quando incentivam, mas quando esperam que isso aconteça.

Estejam preparados. Preparem não só o material, mas a si mesmos para ensinar com o Espírito. Muitos problemas com a reverência podem ser resolvidos por meio de uma aula bem preparada na qual os alunos participam.

Falem com os pais de crianças que possuem deficiências para determinar o que se deve esperar delas, porque toda criança merece a chance de progredir.

Utilizem os recursos da ala para ajudar. Geralmente, se há problemas de reverência entre os jovens ou entre as crianças, há problemas de reverência na ala. Levem os problemas para o conselho da ala, no qual os líderes poderão trabalhar juntos para aumentar o respeito e a reverência em todos os níveis.8

Anos atrás, o Presidente Packer prometeu as bênçãos do Senhor àqueles que adorassem em reverência. Certamente essas promessas se aplicam a nossos dias.

“Embora talvez não vejamos uma transformação imediata e miraculosa, tão certo quanto o Senhor vive, haverá uma transformação silenciosa. O poder espiritual na vida de cada membro e na Igreja aumentará. O Senhor derramará Seu Espírito sobre nós mais abundantemente. Ficaremos menos inquietos, menos confusos. Encontraremos respostas reveladas para problemas familiares e pessoais.”9

Acredito nas promessas de um profeta. Sei que tenho um Pai Celestial amoroso e que Seu Filho, Jesus Cristo, é meu Salvador. Oro para que o aumento de nossa reverência reflita nosso amor mais profundo por Eles e aprimore nosso desempenho na tarefa de apascentar Suas ovelhas. Em nome de Jesus Cristo. Amém.
Notas
1. João 21:15–17.
2. Ver João 4:10–14.
3. João 6:48.
4. David O. McKay, Conference Report, abril de 1967, p. 86.
5. L. Tom Perry, “Serve God Acceptably with Reverence and Godly Fear”, Ensign, novembro de 1990, p. 70.
6. “Reverência É Amor”, Músicas para Crianças, p. 12.
7. Ver Boyd K. Packer, “A Reverência Convida à Revelação”, A Liahona, janeiro de 1992, p. 23.
8. Ver Ensino, Não Há Maior Chamado, (1999), pp. 82–87.
9. A Liahona, janeiro de 1992, p. 23.

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